segunda-feira, 11 de maio de 2015


A bancada do PSDB na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) indicou o deputado estadual Coronel Telhada, ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), para uma das três vagas a que o partido tem direito na Comissão de Direitos Humanos da Casa. A escolha contrariou parte dos parlamentares tucanos. Por ora, porém, a liderança do PSDB diz que vai manter o ex-PM na comissão.

Na sexta, ao compartilhar uma notícia sobre sua indicação, Telhada afirmou que “agora sim teremos na Alesp uma comissão de Direitos Humanos que realmente se preocupará com os direitos de todos os cidadãos”. Para o tucano, “policiais militares são os verdadeiros defensores dos direitos humanos, pois diariamente arriscam suas vidas por outros humanos e juraram sacrificar as próprias vidas se preciso for pela vida dos outros humanos”.

Telhada começou na política em 2012, três anos depois de ter assumido o comando da Rota, notória tanto pelo papel no combate ao crime organizado como pela letalidade de suas operações. No currículo, tinha 32 anos de carreira, 36 mortes em ações pela Polícia Militar e 80 elogios em sua ficha. Ao estrear nas urnas, foi eleito vereador na capital pelo PSDB.

No ano passado, Telhada tornou-se o segundo candidato mais votado para a Assembleia, atrás apenas do colega de bancada Fernando Capez (PSDB), reeleito para o terceiro mandato. Hoje presidente da Casa, Capez que não quis comentar a indicação de Telhada para a Comissão de Direitos Humanos. “Esse assunto diz respeito à responsabilidade das bancadas, não da presidência”, desconversou.

Líder da bancada do PSDB na Assembleia, Carlão Pignatari é o responsável formal pela escolha. Disse que o próprio Telhada pediu a indicação. “Ele já integrava a Comissão de Direitos Humanos da Câmara quando era vereador”, afirmou Pignatari. “Ele manifestou interesse por defender os direitos humanos dos policiais mortos.”

Além de Telhada, o PSDB tem direito a mais dois nomes na comissão: Hélio Nishimoto e Carlos Bezerra Jr., que deve presidir o colegiado, conforme acordo partidário. Tradicionalmente, o PT pleiteava o comando da Comissão de Direitos Humanos – no ano passado, esse papel era de Adriano Diogo, que não foi reeleito –, mas a divisão mudou na atual legislatura.

Ressalvas.

Parte da bancada tucana viu com ressalvas a indicação de Telhada e vai tentar demovê-lo da ideia. O ex-comandante da Rota, porém, parece irredutível (mais informações abaixo). Telhada também foi indicado pelo PSDB para as Comissões de Segurança Pública, Atividades Econômicas e Assuntos Metropolitanos e Municipais – nesta última, o tucano ocupa o cargo de vice-presidente.

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Ex-comandante da Rota foi indicado a uma das vagas na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo

'Defendo as vítimas, negros, gays e crentes'

O coronel Paulo Adriano Telhada, de 63 anos, é o primeiro ex-integrante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) a ocupar uma cadeira na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia. Ontem, ele defendeu sua escolha.

Coronel, por que a Comissão de Direitos Humanos?

Essa é uma comissão em que vou começar a trabalhar. Como bom militar, vou ouvir e aprender. Estou em quatro comissões e nas Frentes Parlamentares de Segurança, Evangélica e Ferroviária. Vim aqui para trabalhar.

Quem vai presidir a Comissão?

Será o Bezerra (Carlos Bezerra Junior). Ele é uma das pessoas mais preocupadas com a minha ida para lá. Não sei por quê. Em vez de estar feliz, está assustado. Não sei se está com medo de perder espaço ou de que eu vá tumultuar. O que quero é trazer uma face nova à Assembleia na parte dos direitos humanos, porque a população, mais do que nunca, precisa de direitos humanos. Temos várias vítimas diárias no Estado que não recebem o devido apoio do governo. A Comissão é para isso: garantir esses direitos.

Algum tema não poderá ser abordado na comissão?

Não há nenhum tema impedido ou que me incomode.

Casamento gay, por exemplo?

De jeito nenhum. Tenho no meu gabinete pessoas com essa opção. Tenho um projeto que pune a discriminação de raça, sexo, cor, religião, origem, etnia, deficiência, doença ou orientação sexual no comércio. Por exemplo: você é gay e não pode entrar ali. Há discriminação religiosa: o cara é macumbeiro ou crente e não pode ficar ali. A turma está confundindo: os policiais são os principais defensores dos direitos humanos.

Mas as pessoas dizem que na Rota o senhor matou vários...

Com certeza. E não me arrependo em nenhum minuto disso. Estava dentro da lei, trabalhando. Fui julgado, não devo nada. E estou tranquilo para assumir essa função. / M.G.

Fonte: blog Amigos da Guarda Civil